30 de março de 2016

Óleo nas penas

Cada dia que passa eu afundo mais e ligo menos para as regras sociais. Uso qualquer roupa que aparece, não arrumo a casa há dias, não faço mais a barba, não tenho mais fome, não tenho mais energia. Só não desisti mesmo do banho.

Fiquei bem doente. Garganta, febre, candidiase na boca e língua. Dificuldade de dormir, dificuldade de viver. Eu queria ficar naquele estado de suspensão por muito tempo. Não tenho vontade pra mais nada.

Não tenho vontade de estudar, não tenho vontade de sair, não sei o que está acontecendo e nem o que eu tenho que fazer pra sair dessa situação.

Detesto meu emprego, detesto as horas do dia que passo por aqui. Na verdade, nunca gostei de nenhum emprego que eu tive e eu não tenho idéia do que eu gostaria de fazer. Meu emprego ideal parece ser um não - emprego.

Não sei quando vou conseguir sair disso. Eu quero sair. Quero voar. Quero sorrir. Quero criar. Eu me sinto como aqueles pássaros e peixes cobertos de óleo nos vazamentos de navios petroleiros. Eu não vejo detergente por perto pra limpar minhas penas ou minhas escamas. Mas vou continuar a voar ou nadar. Não sei até quando.

Uma hora eu entendo tudo isso.

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