7 de julho de 2016

Mortes

Tenho pensando mais no morte ultimamente, mas não em matar. Tenho pensado no final da vida. Como será que vou viver meus últimos anos? Doente, sozinho e sem grana? Feliz, perto da natureza e de muita gente que amo? Respirando com a ajuda de aparelhos e me alimentando por sonda? Morrer tranquilo durante o sono? Uma morte rápida após um acidente? Não tenho ideia. Não tem como saber. O jeito é viver dia a dia, não como se fosse o último, mas sabendo que a gente não vive pra sempre.

E o pós-morte? Será que tem outra vida? Será que tudo acaba? Gasto tudo o que eu juntei na vida? Faço uma doação para uma instituição de caridade? Quem será que iria no meu enterro? Seria cremado, enterrado? Jogaria minhas cinzas no mar, no lago, numa floresta? Seria enterrado perto dos meus parentes?

A morte em si é simples. Mas essas questões são tão complexas para algo que acontece com todo mundo.

Meu pai não sofre com mortes. Para ele todo mundo se encontra no céu, tipo uma festa. Eu nunca chorei a morte de ninguém. Nem famoso, nem família. Nunca vivi a morte de ninguém muito próximo. Minha mãe chorou quando meus avós morreram. Eu não chorei nada.

Um dia minha morte vai chegar e eu não vou ter resolvido todas essas questões. Mas ai já vou estar morto e essa vida não importa muito.

Quero tentar ser feliz por aqui mesmo. Quero levar boas memórias daqui. Vivi e ainda vou viver muitas coisas boas. Claro, algumas ruins também.

Quero morrer velhinho. Quero fazer muita coisa ainda. Quero viajar, quero ler livros, ver filmes. Quero produzir muita coisa. Quero criar. Quero mais natureza. Quero mais risada, quero mais choro também, de alegria e de tristeza também, porque quando a gente tá triste percebe outras coisas, quero comer muita coisa diferente, quero conhecer outras pessoas, cidades, países, lugares. Quero ver muita mudança ainda. E quero mudar muita coisa. Quero amar muito. Quero viver muitas vidas nessa minha vida. Quero viver até o dia de morrer. E quem sabe começar tudo de novo. E de novo...

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