
Tenho pensado em formas de encontrar novamente aquela minha versão de uns vinte e poucos anos, que gostava de pesquisar, fazer coisas diferentes e não tinha medo de quase nada. Quando penso naquela época sinto uma sensação boa. Com o passar dos anos é difícil não enrijecer e ter mais medo. Nem sei porque tenho medo de tanta coisa, nada muito concreto, mas é um medo de coisas que realmente vão acontecer e não há nada que posso fazer. Meus pais estão idosos e sinto medo de como vai ser a vida sem eles por aqui, sem poder conversar com eles, abraçar apertado, ouvir histórias. Tenho medo até da burocracia terrível com a partida deles. E não adianta, a única certeza é que não somos eternos. Em seguida fico com medo da minha partida. Espero que seja daqui a muitos anos. Tenho medo de ser um idoso solitário e que só descobrem da partida dias ou semanas depois. Mas não tem o que fazer. O que me conforta é que para tudo se dá um jeito. Respiro fundo e então me acalmo um pouco. Realmente, tudo se ajeita de alguma forma, mesmo que não tenha jeito, o que também é uma solução. Respiro. Não adianta ter medo ou sofrer por antecedência. O jeito é viver. Cada dia. Um dia pós o outro. Pequenas coisas. Como arrumar o registro do banheiro que desgastou e gira sem fechar ou abrir. Quebrei a cabeça, fui em uma loja de material de construção aqui do lado de casa e consegui consertar. Talvez seja isso. Começar com os problemas mais fáceis de resolver e aos poucos resolver o que for possível. Por enquanto isso tem me ajudado muito.

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