27 de junho de 2025

Junho quase no fim



Eu gosto do mês de junho. Tem as festas juninas, as comemorações do orgulho, o clima mais frio e seco, as florações de ipê. Junho foi um mês bom, correu tudo bem. Passei alguns dias mais difíceis, mas fiquei feliz de conseguir vencer algumas maratonas, tipo a cirurgia da minha mãe, os médicos e tudo mais. Cuidar não é fácil, ainda mais quando grande parte da família mora longe. De qualquer forma, tudo se ajeita. De algum jeito. 

18 de junho de 2025

Hospital



Mais uma cirurgia que acompanhei minha mãe em uma cirurgia. Três dias direto no hospital. Cochilos na poltrona reclinável, barulhos e bipes o dia todo, a fragilidade da minha mãe no pós-cirúrgico e conviver em um ambiente de ficção científica como o de uma UTI. Camas futurísticas, aparelhos, cilindros de oxigênio, pessoas com uniformes de cores diferentes para designar sua função. Muitos idosos sozinhos em seus quartos, alguns inconscientes. Pensei muito na velhice. Espero ter alguém para me acompanhar em cirurgias ou ao menos que eu tenha dinheiro para pagar por cuidadores. Minha mãe ainda sente dores, mas a cada dia que passa se sente melhor. Logo ela voltará a caminhar normalmente. Admiro muito a força da minha mãe. Que bom que eu pude ajudá-la e uma pena que meus irmãos estão longe e não podem compartilhar esse cuidado.

4 de junho de 2025

Mar infantil



Ando com muita saudade do mar. Recebi uma foto antiga de família justamente das férias na praia. Um pequeno barco na cidade natal da minha mãe. Durante minha infância e adolescência nós íamos todos os anos passar as férias na casa dos meus avós. E com muitos passeios de barco. Algumas vezes havia passeios pelo alto mar e nunca vou esquecer a sensação de me sentir tão pequeno no mundo. Água por todos os lados, pequenas ondas que pareciam se transformar o mar em uma grande gelatina azul com um pequeno brinquedo em cima, um barco tão frágil, tão pequeno. E nós dentro desse brinquedo, isolados de todo o resto do mundo. A nossa dose anual de maresia e sal. Eu quase sempre enjoava, então precisava ficar com um limão cortado para me ajudar a não ficar tão mareado. Talvez era a falta de costume com o vai-e-vem das ondas, afinal minha vida era a mais de dois mil quilômetros de lá, bem no centro do país. Eu sempre gostei do mar. Lembro também de estar em uma praia com minha mãe, ondas fortes. Não dava mais pé para mim e eu não consegui mais chegar perto da areia nem da minha mãe. O mar me levava para cada vez mais longe. Mas não senti medo e nem nervosismo. Não consegui avisar minha mãe, mas ela sentiu e gritou socorro. Pensei que iria morrer, mas eu tinha uma vida boa até então e estava tudo certo, não era uma forma ruim de morrer. Eu sou uma pessoa medrosa, mas ali naquele momento não senti medo e nunca mais esqueci dessa sensação. O salva-vidas me resgatou e voltamos para a areia. Eu não tinha engolido água, nem havia me afogado, mas fiquei feliz de poder continuar minha vida. Não foi uma grande transformação e nem mudou o rumo da minha história, mas sempre lembro dessa coragem, certeza e resignação. E o mar gigante, as ondas, e eu não conseguia alcançar o chão e voltar.