16 de julho de 2007

Para escrever

Ando com preguiça de pensar em qualquer coisa mais complexa do que qual a cor vou pintar a minha parede. Todo o resto me cansa um pouco: as pessoas que ainda não conheço, as que já conheci e as que abandonei. Aliás, nunca fui mesmo muito bom nas tais relações interpessoais. Prefiro até mesmo as "interlitetárias" (meus livros), "interfotográficas" (minha câmera), "interadiofônicas" (minhas músicas) e "intergastronômica" (a comida, os tempeiros e as invenções), simplesmente porque não gosto de usar do tal sorriso forçado seguido do 'tudo bem?', das amizades falsificadas e da necessidade de ser sempre amigável e dizer coisas normais. Qual o problema de dizer "estou pouco me fudendo para o seus problemas, idiota!" ou "acho que essa conversa de política um tédio sem tamanho"? Mas sei que tenho de usar de vez em quando o tal do sorrisinho amarelo, de dizer os temíveis 'tudo bem?' e de fingir todo o interesse ao escutar os problemas familiares e amorosos de quem eu não ligo a mínima. A política, bem, dessa é mais difícil de se livrar, por mais que pouco me importe se o chefe do senado tenha ou não relações promíscuas com lobbistas, jornalistas, pecuaristas e donos de fábricas de refrigerante. Ou mesmo que se recuse a sair do seu cargo apesar de ter todas as evidências de corrupção à sua frente. E que o presidente da república foi vaiado em plena abertura dos jogos pan americanos e ficou com cara de menino mimado que não ganhou o elogio da professora. E daí? O que me importa agora é a cor que pinto a parede do meu quarto...

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