9 de abril de 2013

Um ano de caos

Quando pedi uma licença do meu trabalho antigo, devolvi as chaves do apartamento que a gente morava e comprei a passagem de avião só de ida pra São Paulo eu não tinha a menor ideia do que ia acontecer.

Ao escrever assim parece apenas uma forma poética, mas a verdade é que eu não tinha mesmo a menor ideia do que iria acontecer comigo dali a alguns dias. Eu poderia ter virado professor, vendedor de livros, freelancer, mas acabei virando advogado.

Mandei uns currículos para um tipo de trabalho que nunca tinha feito e passei meus dias caminhando pela cidade, conhecendo lugares e levando uma vida gostosa de dona-de-casa, apesar de não ter casa e estar meio que morando de favor no apartamento que meu namorado dividia com um amigo.

Pensava sempre em voltar para minha segurança. Chorei alguns dias, achei que não ia dar certo.

Bem, mais ou menos um mês de vida tranquila, apesar de uma certa autosabotagem, e depois de enviar centenas de currículos e preencher vários formulários, recebo um email de um escritório que eu nem havia enviado currículo por achar que nunca me contratariam. E me contrataram.

Nesses meses todos achamos uma casinha que ainda não tem muita coisa e criamos uma São Paulo pequenininha formada pelo caos da Rua Augusta, a liberdade da Frei Caneca e o movimento da Paulista, com as coisas boas e ruins de morar no centro.

Um ano sem carro, um ano mais magro e talvez mais saudável, apesar do pulmão provavelmente estar pior! E um ano que sofri pra caralho em trabalhos que eu não tinha nenhuma experiência, mas que dei um jeito de aprender, sem contar as longas horas do expediente. Um ano que aprendi a me virar com pouca grana, mas sem deixar de me divertir. Um ano que aprendi a me vestir de um jeito mais legal e menos monótono.

E o melhor, sem ter a menor ideia do que vai acontecer daqui a um ano. Sem ter a certeza esmagadora de um emprego público, sem ter a segurança de morar perto dos pais e amigos queridos. E convivendo com tanta coisa diferente de mim, que me tira da zona de conforto.

Onde será que vou estar daqui a um ano?

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