9 de fevereiro de 2015

Ajeita

Eu ainda não tenho do que vai acontecer na minha vida e isso tem me deixado completamente imobilizado. Mas a gente nunca tem mesmo certeza do que vai acontecer. Pode ser que não aconteça nada. E nada é pior do que a possibilidade de acontecer algo. Tantas coisas que me incomodam que não tenho ideia de por onde começar a arrumar o domingo e os próximos dias.

E então comecei pela bagunça de casa, mais visível que a de dentro da cabeça. Dobrar roupas, jogar fora papeis velhos, arrumar a mesa. Dor nas entranhas, lágrimas caindo pelo rosto. Táboa e ferro de passar, roupas de trabalhar amarrotadas, vincos, vapor. Gosto amargo na boca. Organizar armários, jogar fora lixo, esconder tralhas em caixas. Leve dor de cabeça.

Aos poucos o desespero ameniza. Pegar o celular no final da tarde para ouvir a voz da mãe, saber como foi o dia. Voz de irmã depois de tantos dias sem se falar. Voz do pai preocupado. Respirar fundo para sair um pouco do lago congelado que se tornou a vida.

Cheiro de comida. Comer sem diálogo. Mais lágrimas. Mais arrumação de casa. Dizem que remédio bom é lavar louça suja. Talvez seja.

Filme de noite, aconchego no sofá. Primeira paz no dia. As coisas vão melhorar, não adianta ansiedade. Tudo tende a se encaixar. Respirar. Respirar. Respirar.

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