17 de abril de 2017

Micróbios filosóficos

A gente é feito por milhares de micróbios. Aliás, uma parte enorme do nosso peso é feito por bactérias e outros seres minúsculos que vivem dentro da gente, acho que temos mais células de outros organismos do que propriamente as nossas. Imagina que tem vários DNAs diferentes dentro da gente e fazem várias coisas. A gente é como uma cidade que se mexe, com uma população enorme e com várias vias expressas e bairros diferentes. 

E então eu tive uma infecção de amígdala e precisei tomar um antibiótico super forte por dez dias. Aliás, tomei dois antibióticos diferentes. E junto com a colônia de bactérias que causou a inflamação da minha garganta, essas bombas mataram vários desses organismos que fazem tanta coisa importante dentro de mim, que me ajudam na digestão, produzem substâncias importantes pra mim (e pra toda essa comunidade), e enfim, fazem com que tudo aconteça bem pra mim e pra essa população. E eu fiquei mal com o remédio. Dor de cabeça, dificuldade de concentração, dificuldade de digestão, dores de barriga, enfim, um horror. E isso tudo me fez pensar em como esses tratamentos modernos são ruins, pois matam o microrganismo que causa a infecção, mas aniquilam uma série de outros que são importantes para o esse mini-universo. 

Isso me fez até mesmo questionar o que exatamente sou eu. Se eu sou essa entidade individual (vamos dizer, o "Vinicius") ou se sou esse conjunto de células com meu DNA e com esses outros DNAs que vivem junto. E aliás, o que exatamente seria eu mesmo, né? Porque mesmo esse meu DNA é a herança do material genético da família do meu pai e da minha mãe. Sem contar toda a questão social, as influências da sociedade, dos amigos, da vida em conjunto, da indústria cultural, da política. Olha, complicado saber exatamente o que me faz ser eu e se realmente existe um "eu". 

Eita! Toda essa reflexão filosófica graças a uma infecção de garganta e ao uso de antibióticos! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário