12 de maio de 2020

Latinidade


Eu sempre me enxerguei como latino. Desde as aulas de geografia do colégio eu via a divisão das Américas em Norte, Central e Sul. E a América Latina como tudo do México para o sul. Nós temos muito mais relações de semelhança com os nosso vizinhos: quase todos passaram por uma ditadura militar durante a Guerra Fria, com o apoio dos EUA. Todos nós fomos colônias de exploração, nossas comidas são parecidas com muitos preparos com milho, cacau e tomate (os três de origem latino-americana). Destilados feitas com cana de açúcar. As músicas são dançantes, alegres e tristes. Não tem como o brasileiro não se ver como latino. Nossa língua é muito parecida com o espanhol, com várias palavras idênticas.

Mas é sempre um choque perceber que muitos brasileiros se sentem muito mais próximos dos EUA e da Europa do que dos países que fazem divisa com o Brasil. Os brasileiros nunca vão ser equiparados aos europeus e norte-americanos. Para eles, todos somos "brown" aqui. Os brancos são eles. Os inteligentes, os cientistas, os artistas; a cultura e a ciência, para eles, é sempre feita no Norte.

Eu queria que os Brasil entendesse a importância de se enxergar como um latino-americano. A potência que tem aqui, tanto cultural quanto política. A gente não precisaria importar modelos que só funcionam por lá. E tem tanta coisa boa feita aqui na nossa região. Vamos todos ser latinos, abraçar essa latinidade.

Tenho gostado de ver mais filmes e séries feitas aqui na América Latina. E de ler autores latinos (o Cortázar e o Bolaño são dois dos meus autores favoritos de qualquer lista). Tem tanta coisa boa. A gente não é europeu aqui, mesmo que seus avós tenham vindo da Itália. A nossa vivência é brasileira, é latina. Eu tenho orgulho da minha latinidade, da minha origem miscigenada com tanta coisa que eu não tenho nem ideia.

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