5 de abril de 2023

Apartamento-campo



Moro em um prédio alto, no décimo terceiro andar em um bairro um pouco afastado do centro da cidade. Diferente do planejamento urbanístico modernista do Plano Piloto. Um apartamento pequeno, mas para duas pessoas e um cachorro está ótimo. Como não há muitos prédios por aqui, temos uma vista de cento e oitenta graus da cidade. Quase todos os dias o pôr-do-sol é cinematográfico. Como tenho trabalhado de casa, desenvolvi outra relação com o ambiente. Acho que só fui entender minha casa depois de trabalhar de forma remota. Várias vezes enquanto preparo meu café da manhã tenho a sensação de que estou numa casa isolada, na roça. Olho pela janela e vejo tanto verde, tantas árvores e pássaros. Do lado de fora parece haver uma colina verde com casas e até uma linha de trem. Há uma sensação de isolamento, mas ao mesmo tempo de acalanto. E me sinto acolhido na minha casa e gosto de cada pedaço. Mesmo depois de tantos anos ainda me sinto encantado com a vista, com as plantas, os móveis, com a casa em si. Gosto dessa casa de campo virtual, pois é só descer o elevador e a ilusão se desfaz. Mas também basta entrar novamente que a pequena casa da fazenda se reconstrói.

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