22 de maio de 2025

Uma coisa de cada vez



Tenho pensado em formas de encontrar novamente aquela minha versão de uns vinte e poucos anos, que gostava de pesquisar, fazer coisas diferentes e não tinha medo de quase nada. Quando penso naquela época sinto uma sensação boa. Com o passar dos anos é difícil não enrijecer e ter mais medo. Nem sei porque tenho medo de tanta coisa, nada muito concreto, mas é um medo de coisas que realmente vão acontecer e não há nada que posso fazer. Meus pais estão idosos e sinto medo de como vai ser a vida sem eles por aqui, sem poder conversar com eles, abraçar apertado, ouvir histórias. Tenho medo até da burocracia terrível com a partida deles. E não adianta, a única certeza é que não somos eternos. Em seguida fico com medo da minha partida. Espero que seja daqui a muitos anos. Tenho medo de ser um idoso solitário e que só descobrem da partida dias ou semanas depois. Mas não tem o que fazer. O que me conforta é que para tudo se dá um jeito. Respiro fundo e então me acalmo um pouco. Realmente, tudo se ajeita de alguma forma, mesmo que não tenha jeito, o que também é uma solução. Respiro. Não adianta ter medo ou sofrer por antecedência. O jeito é viver. Cada dia. Um dia pós o outro. Pequenas coisas. Como arrumar o registro do banheiro que desgastou e gira sem fechar ou abrir. Quebrei a cabeça, fui em uma loja de material de construção aqui do lado de casa e consegui consertar. Talvez seja isso. Começar com os problemas mais fáceis de resolver e aos poucos resolver o que for possível. Por enquanto isso tem me ajudado muito.

16 de maio de 2025

Natureza



Tenho sentido mais vontade de natureza. Mas sem precisar pegar a estrada para algum lugar afastado. A natureza aqui do dia-a-dia, da gente. Tenho prestado atenção nas copas das árvores, nos saguis, nas borboletas, nas abelhas, nas frutas, nos líquens. Gosto de caminhar e olhar ao meu redor, sentir que faço parte de tudo isso. E que bom viver em uma região arborizada. Gosto de ser bicho, de ver o verde, respirar. E me encantar com essas pequenas alegrias, a alameda que se forma do encontro das copas de árvores, os jardins plantados pelos vizinhos. Natureza é a gente também. E está ao redor, nos pequenos detalhes. Espero não perder esse olhar de encantamento e continuar a voltar feliz pra casa depois de ver essa simplicidade. Aliás, essa complexidade da vida ao meu redor.

9 de maio de 2025

Nada



Não tenho conseguido pensar a logo prazo. Minha vida ultimamente tem sido conseguir vencer o dia, vencer a semana. Engraçado isso de vencer, talvez seja uma guerra mesmo. Mas de qualquer forma tenho essa sensação, cada dia é uma vitória. Não que realmente a vida esteja tão difícil assim, de qualquer forma não dá para relativizar, afinal eu só tenho minha própria vida como parâmetro. A vida está arrastada, mas é gratificante chegar no final do dia e ter aquelas poucas horas para não fazer nada. Aliás o que mais tenho gostado de fazer é ficar à toa. Isso, sem preocupação em ser útil ou mudar o mundo. Tenho gostado de me sentir um nada, apenas flutuando no universo junto com essa rocha gigantesca. Respirar, olhar as nuvens e as estrelas lá fora, olhar meus cachorros tirando uma soneca perto de mim, escutar os barulhos da cidade, escutar meus pensamentos. Parece que meu corpo e minha mente pedem esse nada. A vida já é tão cheia de estímulos ué não fazer nada parece ser uma riqueza sem tamanho. Meu desejo é essa vida mais devagar, mais besta, mais simples. Cansei de ser complexo e cheio de referências. Quero ser simples.