26 de março de 2012

Não-viver

O que mais me incomodava em viver aqui, da forma que eu vivia, era exatamente o não-viver. Isto é, minha vida estava muito tranqüila e eu já não conseguia me desafiar, apesar das infinitas possibilidades que a cidade oferece. Mudar daqui seria como um banho de água fria, uma tentativa de acordar de um estado letárgico. Talvez, nesse sentido, a água seja até mesmo fria demais. Mas de qualquer forma, acordei. Percebi minhas possibilidades, minhas qualidades. Eu me enxerguei pela primeira vez sem aqueles olhos sem vida.

Hoje no meio de um dia de trabalho extenuante consegui uma tarde de folga, justamente no último dia de terapia. Depois da sessão fui a um píer próximo, desabotoei a camisa, tirei os sapatos e sentei perto da água. Vi o tanto que tinha mudado desde o dia que decidi me mudar, mas tudo isso já estava ali dentro de mim, de alguma forma. Em um ano consegui alterar várias coisas e o caminho pode até mesmo não ser o mais acertado, mas é um caminho. E vamos em frente! Ainda não sei o que vem lá, espero continuar me afastando do não-viver, por mais dolorido que possa ser escolher o próprio caminho.

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