18 de fevereiro de 2015

Carnavalizar

Carnaval é recente na minha vida. Imagina que passei anos achando que era só um feriadão no começo do ano com uns desfiles de escola de samba. Nessa época geralmente eu viajava com meus pais para alguma cidade aqui perto e de vez em quando assistíamos a um pedaço de desfile antes de dormir.

Depois virou um período de alugar vários filmes e ficar em casa. Ou colocar as leituras em dia.

E então há uns três anos descobri o carnaval de rua, desses de marchinha e fantasias simples lá em São Paulo. Afinal Brasília não tinha mesmo nada de carnavalesca e a cidade virava um cenário de filme de apocalipse nuclear.

Demorei quase trinta anos pra enteder realmente o que é carnaval. É sair na rua, usar roupas que normalmente não se usa e dançar até ficar com os pés doendo. É o escape da vida chata e certinha e é o marco para começar os planos do ano. Aliás, feliz ano novo!

E nesses últimos anos esse amor pelo carnaval vem crescendo. Agora a gente se prepara, compra acessórios, pensa na fantasia, olha a agenda dos blocos e escolhe o que parece ser mais legal no dia. E cansa, fica com os pés doloridos, dorme pouco, toma chuva, abraça desconhecidos, tira foto com gente que nunca viu na vida, encontra pessoas que não se via há anos e, claro, se diverte. E em Brasília! Sim, o cenário de filme apocalíptico descobriu o carnaval de rua.
Mesmo sem nenhum apoio de dinheiro público, a gente botou o bloco na rua, botou pra gemer, gingou, pra dar e vender.

E de repente, tudo isso acaba. Chega a quarta-feira de cinzas e que nome mais adequado pra esse sentimento pós-carnaval. Bom que o bom senso e a tradição carnavalesca deixa a manhã de hoje pra gente acordar tranquilamente, tomar um banho, varrer os confetes, guardar as fantasias, tomar um remédio pra ressaca e almoçar antes de vir ao trabalho pra fingir que faz alguma coisa. Ninguém faz nada.

Mas se não fosse assim eu certamente iria para outro bloco, mesmo com os pés doloridos e a cabeça avoada.

Eu não entendo quem não gosta de carnaval e, pensando bem, é um feriado de utilidade pública. É preciso mesmo extravasar, se fantasiar, sair da normalidade, sambar na rua. Cinco dias pra se divertir, uma manhã pra descansar antes de volta pra rotina chata. Ressaca, dor nas pernas, mas um sorriso.

E que mais pessoas curtam o carnaval. Afinal, "Eu, por mim, queria isso e aquilo / Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso / É disso que eu preciso ou não é nada disso / Eu quero é todo mundo nesse carnaval. (www.youtube.com/watch?v=PiCteoGZf7Q)

Nenhum comentário:

Postar um comentário