24 de fevereiro de 2015

Contando moedas pro salgado

Tinha tempo que eu não ficava tão sem grana. Como recebi os valores da demissão todos de uma vez, achei que o dinheiro fosse ser suficiente por um bom tempo. Bem, em dois meses sem trabalhar eu tinha gastado quase tudo que estava em minha conta.

O "passa no débito" parecia uma senha para uma conta inesgotável de dinheiro. Mas como não estou participando de nenhum golpe milionário, uma hora o dinheiro acabou.

Antes de entrar efetivamente no vermelho eu comecei a trabalhar, mas demorou para entrar dinheiro e, claro, entrou bem menos do que eu esperava, pois foi uma labuta de metade de mês.

Nesse período não teve nenhum luxo, nada que justificasse a saída tão rápida de grana. Mas "dinheiro na mão é vendaval". Aliás, é furacão, é tsunami. Não dura nada na minha mão.

O dinheiro que entrou já deu um belo tchau de Miss. Consegui pagar todas as contas e não sobrou mais quase nada. Nesse próximo mês, quem sabe, eu me equilibro.

Eu me sinto como aquelas donas-de-casa antes do real virar a nossa moeda. "Tudo está pela hora da morte" (faltou os bobs, lenço na cabeça e drama, muito drama). Gasolina, supermercado, alimentação, tudo caro. Eu sei, crise econômica, escândalos políticos, dólar alto. Parece que voltei de novo à década de 80, mas agora não preciso só do dinheiro para comprar álbum de figurinhas.

Na época de inflação galopante só entendi a crise quando todo dia era um preço diferente para comprar figurinhas do Snoopy e  chocolate Surpresa. E as maravilhosas máquinas de colar etiquetas de preço nos produtos, incansáveis. Tinha produto com uma crosta de etiquetas de preço, uma por cima da outra.

Desde o real a gente ficou mal acostumado com a estabilidade econômica e, claro, aquele monte de reportagem sobre o Brasil ser o país do futuro, os BRICS e tudo mais. Calma, galera. Não é assim. Vamos comer mais um capim aqui. Tá tudo bagunçado e acho que vai piorar ainda mais um pouco antes de melhorar.

Enquanto isso vou seguindo na economia, bem dona de casa. Menos restaurante, baladas mais baratas, menos compras. Contando moedas pro salgado.

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