5 de maio de 2015

Internet

Há mais ou menos uns vinte anos meu irmão instalou um modem no computador que todo mundo dividia lá na casa dos meus pais. Ninguém entendia muito bem para o que servia a internet e todos aqueles barulhos intergaláticos para a conexão. Eram 20 ou 30 horas por mês, um só e-mail, além dos gastos com o telefone.
 
O primeiro site que entrei foi o da Nasa e depois o da Coca Cola. Não me lembro qual foi o primeiro site brasileiro, quase não havia. Todos os sites conectavam muito devagar, quase sem imagens e com fundo cinza. E ficava aquela dúvida: se eu entrar em um site japonês vou pagar por uma ligação telefônica para Tokyo?
 
Naquela época não havia redes sociais, não havia YouTube e baixar uma música demorava horas ou dias. Eu consumia só textos e imagens. Havia muitos sites pessoais - não eram blogs ainda - com assuntos específicos: homenagem a bandas, filmes, seriados, quase tudo hospedado no Geocities.
 
Não havia Google e as buscas eram feitas pelo Altavista, Yahoo, Cadê. Eu lembro que pesquisava mais. Colocava uma palavra-chave na caixa de busca e ia pulando de um site para o outro.
 
Os blogs começaram para mim lá para os anos 2000. Eu comecei o meu primeiro em 2001. Era uma plataforma chamada Weblogger. Lá abri o mininoobjeto, assim com "i" mesmo e tudo junto, bem diário mesmo. Eu passava horas tentando entender HTML para mudar o layout no Frontpage. Quase nunca dava certo e eu nunca entendi mesmo HTML. O blog entrou para os destaques uma vez e consegui mais de 100 comentários em alguns posts. Me senti meio celebridade.
 
Depois abri o Upa!Neguinho também no Weblogger. Em 2004 tive muitas brigas na família por me expor demais na internet e tive que fechar meu blog. Não guardei nenhum histórico dos textos. Ia ser engraçado ler esses textos tanto tempo depois.
 
Meu próximo blog foi o Lima Limão, já no Blogger. Não lembro muito sobre esse. E aí em 2007 abri o Nuancez, que é esse que escrevo até hoje, mas que uma hora virou Ceznuan. De vez em quando gosto de abrir aleatoreamente um texto antigo e lembrar como me sentia naquela época. Escrever esse blog para mim é quase como uma historiografia. Talvez seja esse medo de perder a memória, de lembrar de mim em uma época passada, de não me desconectar de mim mesmo.
 
A internet, por ser esse mundo com espaço praticamente ilimitado, facilita essa busca por um histórico, por arquivamento.
 
Hoje minha vida é dominada por internet todo o tempo. Não tenho jornal impresso, nem revistas. Não compro dvds ou cds, só vejo filmes e séries online. Escuto e baixo música pela internet. Leio livros digitais no tablet e no celular. A maioria das minhas compras são pela internet ou ao menos pesquiso antes de comprar em uma loja física. Pesquiso sobre viagens, lugares aqui em Brasília, tudo pela internet.
 
Pesquiso bem menos, é verdade. Hoje tem tantas sugestões de artigos e sites no Facebook, no twitter e nos meus feeds. É raro eu encontrar algo que não seja por essas curadorias.
Mas de vez em quando sinto uma saudade da época em que a vida era mais simples, menos ligada 24h por dia. Já era. Agora é tudo sempre conectado o tempo todo.

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