10 de novembro de 2016

Neném

Logo cedo recebi a notícia de que não havia mais batimentos cardíacos naquele neném que eu nem cheguei a conhecer, mas que eu já tinha um grande amor.

Não consigo nem imaginar o tamanho da dor que minha irmã tem sentido. Mas estamos juntos! Se depois houver outra gravidez, vamos todos torcer muito.

O mundo anda tão complicado ultimamente, quem sabe até lá melhora um pouco.

31 de outubro de 2016

SP - BSB

Há dois anos a gente colocou nossas coisas num caminhão de mudança e voltou pra Brasília, depois de alguns anos em São Paulo.

Saudades das feirinhas que tinham lá perto pra gente comprar verduras, flores e tomar caldo de cana com pastel. Saudades de descer no metrô da Consolação depois de um dia de trabalho e caminhar na Augusta até chegar no comecinho da Frei Caneca. Saudades de ir a pé pra uma balada no centro. Saudades de não ter carro e conseguir chegar a todo lugar. Saudades da Benedito Calixto, do Sesc Pompéia, do Parque Buenos Aires, do Ibirapuera, das coisas da Augusta, de ir a pé ao cinema e voltar pra casa discutindo o filme, saudades de tanta coisa lá.

Mas já tem dois anos que voltamos e realmente foi uma ótima decisão. Uma vida mais simples, mais sossegada, mais perto da familia.

Tem dias que imagino como seria se tivéssemos continuado por lá. Eu ainda estaria no escritório? Eu estaria ainda mais gordo? Não tenho ideia. Mas o importante é que estou feliz aqui.

25 de outubro de 2016

Café livre

Sempre que tenho que resolver alguma coisa fora do trabalho tento também tirar ali alguns minutos para tomar um café e curtir um pouco do ar e dos barulhos da cidade, antes de voltar para a realidade dentro do escritório. Ou será que a realidade é aqui fora?

O café nem é tão gostoso assim, mas a sensação é ótima!

19 de outubro de 2016

Cansaço e salada

Depois de ver e viver tanta coisa interessante, voltar para o trabalho e para a rotina é quase como uma ressaca daquela bebida mais barata que parecia ser a sua melhor amiga na noite anterior. Aquelas ressacas em que a gente esquece que tem fígado e bebe muito além da conta.

Ainda estou no automático. Não consigo raciocinar direito e tenho muito sono o tempo todo.

Eu cheguei e já olhei o calendário. Tem feriado na semana que vem e na outra. E mais alguns por perto. Ufa!

Desci para comer uma salada e matar um pouco do tempo. Fingir que se trabalha faz o dia passar ainda mais devagar.

E tenho pouca vontade de ir pra faculdade, apesar das aulas serem interessantes. Minha vontade era de ir pra casa, comer besteira e ver séries e filmes a noite toda com meu marido.

Mas venho para o trabalho sem me atrasar e vou pra faculdade.

Hoje fui nadar na hora do almoço, também sem vontade. Duas semanas sem me exercitar me deixaram enferrujado. Senti umas dores leves no corpo e meus olhos agora ardem de sono.

Penso no final de semana, na festa que vai ter sexta. E no sábado que só quero pode descansar.

Penso na viagem de Portugal. No vinho, no bacalhau, no pastel de nata, nos passeios pelas ruas estreitas e antigas, no bondinho, nos barcos, no sotaque. Portugal nunca havia passado pela minha cabeça e agora não paro de pensar sobre esse país.

Vou terminar de comer minha salada e subir para minha sala...

18 de outubro de 2016

Volta pra realidade

A volta das férias nunca é fácil, mas dessa vez tenho sentido de forma mais forte. Talvez porque quando passa a gente esquece. Mas de qualquer forma, estou quase um zumbi aqui no escritório. Vontade zero de estar aqui, de fazer os trabalhos. Queria estar de novo em Portugal, queria estar na praia, queria, claro, estar de férias para sempre.

Tenho dormido pouco, ainda estou no fuso de lá. Acordo quatro da manhã e não consigo mais dormir. Mas foi tão boa a viagem!!!

Quero ver se consigo aplicar algumas das coisas da viagem na minha vida, tipo procurar ser mais leve, beber mais vinho, cozinhar mais...

15 de outubro de 2016

Tchau, Portugal!

Nem lembro onde tirei essa foto, mas tô com o coração apertado e quero voltar logo aqui pra Portugal pra conhecer com mais calma. Tem tanta coisa por aqui que eu nem imaginava...

14 de outubro de 2016

Portugal - último dia

Eu não imaginei que fosse gostar tanto daqui. A gente tem uma ligação, afinal rolou uma colonização portuguesa, mas ao mesmo tempo não perdemos a ligação com essa origem em comum.

No último dia de viagem teve Aveiro com as salinas, os passeios de moliceiros (barcos que parecem as balsas de Veneza e que eram usados para pegar o moliço, umas algas). Aliás, Aveiros parece mesmo com a imagem que se tem de Veneza com os canais e as balsas. E Aveiro tem ovos moles, tipo um quindim doce. Alguns vem embalados em uma massa tipo uma hóstia e com formatos relacionados ao mar.

Alcobaça tem um mosteiro em que estão os corpos de Inês de Castro e Dom Pedro I de Portugal (o Dom Pedro I do Brasil é o V de Portugal). Teve algo parecido com Romeu & Julieta, mas mais dramático e, pior, aconteceu de verdade. Inês ficou conhecida como a Rainha Morta, pois só foi coroada depois que morreu (só então entendi a expressão "agora Inês é morta", quando alguém faz algo depois que já não adianta maís). Enfim, o sogro dela mandou a assassinar. Ela e Pedro haviam se casado secretamente. Pedro descobriu quem eram os assassinos e mandou arrancar seus corações. Depois revelou seu casamento secreto e mando coroar Inês e que todos lhe beijassem a mão e a enterrou com honras de rainha. Mandou construir um túmulo para ela e outro para ele, um de frente pro outro, no Mosteiro de Alcobaça, para que no juízo final eles se reencontrassem. Drama, hein.

Amanhã saio de madrugada para o Brasil. Quero voltar com mais calma para viver mais de Portugal.

Mas já estou com muita saudade da minha casa! E do meu marido!

Foi otima a viagem, conviver com minha mãe, conhecer várias pessoas da terceira idade, conhecer mais de Portugal e comer tanta coisa gostosa. E beber vinhos bons que se pode pagar com poucas moedas.

Ja estou com saudades!

Portugal - dia 7

Rolou Braga e Guimarães, duas cidades bem antigas daqui. Guimarães tem um dos castelos mais antigos de Portugal e a igreja maia antiga. E Braga tem um portal bem bonito e um doce chamado tíbia, que é com a massa de éclair e um recheio bem suave.

De noite teve uma apresentação de tango e danças típicas. As danças parecem muito com as danças típicas do sul do país. E o fado é maravilhoso mesmo! Bem dramático, bem cheio de emoção.

Já tá quase no final da viagem...

12 de outubro de 2016

Portugal - dia 6

Eu ainda tô impressionado com a Universidade de Coimbra. A primeira de Portugal e até hoje em funcionamento. E os estudantes usam capas pretas e terno, como no Harry Potter. Aliás, a J. K. Rowling morou em Portugal na década de noventa e muita gente diz que ele se inspirou em Coimbrã para vários elementos da série. Fomos na biblioteca real da universidade e é uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida, só queria poder folhear algum livro daqueles. Não podia tirar fotos e as estantes eram todas feitas com madeira e ouro do Brasil. E é habitada por morcegos. A faculdade é pública, mas cobram uma taxa anual de uns novecentos euros. Deu vontade de fazer um curso lá... qualquer um! Coimbra é muito bonita, tem a cidade alta e a baixa, como quase todas as cidades portuguesas. E tem muitas igrejas. Depois fomos ao Porto e a Gaia (a junção do nome dessas duas cidades deu o nome ao país: Porto + Gaia = Portugal. Fomos numa cave, que é o lugar que as vinícolas armazenam os vinhos para envelhecerem, e uau, como é gostoso vinho do Porto, que aqui é devia se chamar apenas vinho. E depois um passeio de barco pelo rio Douro. Porto parece uma maquete de tão bonita, com os prédios antigos e baixinhos com as fachadas coloridas e dispostos um ao lado do outro na beira do rio. E duas pontes feitas pelo escritório do engenheiro que fez a Tour Eiffel (uma delas foi desenhada pelo próprio Eiffel).

11 de outubro de 2016

Portugal - dia 5

Saimos de Évora e aquele templo romano lindo e fomos para Estremoz, uma cidade pequena e medieval, com os milagres de Santa Izabel. Depois Tomar (que nome, né?) com os Templários e o Mosteiro de Cristo. É enorme lá e bem bonito, cheio de obras de arte cristãs medievais. Mas é muito ônibus. E como muito! Estou sempre com a barriga repleta... Comida, ônibus, passeios turísticos. Estou numa canseira que só! Mas a viagem tem sido bem legal!

10 de outubro de 2016

Portugal - dia 4 (continuação)

E então no almoço a gente conversou. E foi bom. Expliquei várias coisas e ela me disse pra não tão a sério a opinião das pessoas da família. E seguir mais minha intuição. E foi ótimo ouvir isso.

Depois teve passeio por Évora (não achei a Cesárea, mas achei uma cidade da antiguidade clássica). Tem ruínas de um templo romano do século I d.C., uma Nossa Senhora grávida que chocou a sociedade medieval e uma capela construída com ossos de umas cinco mil pessoas e que nos recebe com uma frase certeira: "nós que aqui estamos por vossos esperamos". Ou seja, uma hora vocês que estão aí vivos vão ficar iguais a nós que estamos aqui pregados na parede. E engraçado é que todos os ossos são iguais, não importa se são de pobres, ricos, gordos, magros, feios, bonitos.

Mas ainda tô chocado com o templo romano. Que coisa maravilhosa. As colunas que sobraram são lindas. Achavam que era de Diana, a deusa da caça e mulher fodona, mas era um templo para o imperador Augusto, de acordo com escavações de trinta anos atrás. Mas o povo na rua ainda fala que é o templo de Diana, muito mais legal. Ruína é ruína. E a gente que dá um sentido pra tudo isso.

Portugal cada dia me surpreende mais, até bacalhau e Vieira eu comi e gostei. Estou a gostar imenso da viagem...

Portugal - dia 4

Saimos de Lisboa em direção ao sul, vamos ficar hospedados em Évora (será que tem a ver com a Cesárea?). Hoje o dia está mais frio, passamos numa cidade chamada Setúbal (Ishtúbal, como dizem aqui). Tive uma briga feia com minha mãe, coisas guardadas há muito tempo, mágoas antigas dos dois lados. Não sei se nos conhecemos. Ela me perguntou o que ela fez comigo que há meses estou distante. E me disse que se arrepende de ter me trazido com ela, não sabe se me convidou ou se achei que estava obrigado a vir com ela. Realmente estou introspectivo e alguns passeios eu não curto mesmo, afinal o foco da excursão é a terceira idade. Ela pagou minha viagem e minha hospedagem. Só gastei com os euros para minha alimentação e para minhas compras. Ela me ajuda muito financeiramente, pagou mais da metade do meu apartamento e me deu seu antigo carro quando voltei a Brasília. Sei que ela faz de bom coração e não me cobra, mas acho essa situação opressora, apesar de me acomodar e não fazer esforço para mudar.
Ganho pouco para os padrões de Brasília, não atuo no ramo que me formei e comecei a estudar uma nova graduação que não tem uma utilidade prática a não ser me dar prazer de voltar a estudar. Eu tenho 33 anos e me sinto tão pequeno e infantilizado. Não vou conseguir aprovação dos meus pais e sei que nunca vou conseguir. Não dou conta de me adequar aos padrões deles, sei que não fazem por mal, mas simplesmente tenho que me dedicar e tomar as decisões de minha vida de acordo com os meus ideais. Mas no fundo quero a aprovação deles e, claro, me frustro com isso.
São tantas coisas juntas que nem sei me expressar. Somos muito diferentes, temos ideais, visões da vida, planos completamente opostos. Não sei se vamos conseguir realmente nos conhecer. Não sei se vamos conseguir isso. Não há errados, simplesmente diferentes. Ela não me entende e eu não a entendo. E essa convivência diária tem sido bastante difícil, cada um em seu iPad, cada um em seu mundo. Não dialogamos. E quando tentamos o fazer acabamos por brigar. É melhor não ter expectativas. Já nem sei porque não me sinto confortável perto dela. Sou muito grato por tudo que ela fez para mim e sei que ela me ama, assim como eu a amo. Mas não sei como me aproximar. E ela não sabe como se aproximar de mim. Isso tudo é muito incômodo. Espero que a gente consiga se entender.
Na foto está uma estátua de Botero que representa a maternidade. Fica na praça Amália Rodrigues, em Lisboa.

9 de outubro de 2016

Portugal - dias 2 e 3


Portugal realmente tem sido bem bom comigo, consigo entender bem o português daqui. E fico impressionado com a antiguidade daqui. Tudo é sempre tão antigo, tão cheio de histórias. Fomos num palácio bem antigo em Sintra (assim "S" mesmo, pois no Brasil a gente escreve com "C" - e descobri que significa lua em homenagem a uma deusa romana) e esse palácio deve ter uns quatrocentos anos. Muitas coisas feitas com madeiras vindas do Brasil, muitos azulejos em paredes inteiras. E uma cozinha em que se podia assar um cervo inteiro. Imaginei como devia ser morar ali há alguns séculos. Não consegui, claro. E fomos ao Estoril e Cascais, no litoral de Portugal. Cascais parece uma cidade de praia tipo Búzios. Gostei mesmo de Sintra com seu travesseiro de periquita e os outros doces maravilhoso. Hoje rolou Óbidos, uma cidade medieval e murada, bem antiga mesmo, de uns vinte séculos atrás, tem até aquedutos romanos. Como será que a água passava nessas construções. E depois Fátima, onde realmente parecia que estava preso na programação da Rede Vida. A basílica é bonita, toda branca por dentro, bem sóbria. E bem geladinha. Tenho gostado daqui, mas sinto falta do Brasil. Estou cansado do esquemas de excursão, entrar no ônibus, ficar meia hora na cidade, voltar pro ônibus. Mas é sempre preciso fazer concessões, pois não é possível conhecer tantos lugares de outra forma. E é uma excursão da terceira idade, estou bem perdido no meio disso tudo. Tem sido bom conviver com minha mãe, conversamos um pouco e tento ter paciência. Estou com o corpo bem cansado do ônibus e de dormir pouco... tenho saudades da minha casa, do meu amor e do Brasil.

7 de outubro de 2016

Portugal

Descobrimento do Brasil, piadas sobre pessoas que não são inteligentes, bacalhau, vinho do Porto, bigodes. Eu nunca pensei que viria a Portugal ou mesmo que eu viesse para a Europa. Claro, algum dia eu viria à Europa, mas sei lá, nunca imaginei que seria por agora. E então cheguei aqui num voo de nove horas, direto de Brasília a Lisboa. Seis da manhã já estava em Portugal. E parece São Paulo. E Rio. E Salvador. Todas misturadas. E as pessoas aqui parecem um pouco com a gente lá do Brasil. (Aliás, é engraçado falar "la do Brasil"). E não tive muita dificuldade de entender o que eles falam, tirando algumas coisas como açougue, que eu ja esqueci como se diz, e o tanto de uso da segunda pessoa do plural, que não uso desde o colegial. No mais descobri que gosto muito de bacalhau e realmente o pastel de nata aqui é maravilhoso. Descobri também que de uns anos pra cá os portugueses importaram a coxinha de frango e é bem fácil encontrar nas pastelarias (que não vendem pasteis como as brasileiras, vendem folheados e sandes, os sanduíches deles. E o prego no pão. Ou sanduíche de bife). Portugal é incrível e todo mundo aqui parece como uma tia, um pai de um amigo, um professor.  Brasil e Portugal são mais próximos do que eu achava. E eu sou mais próximo de Portugal do que eu achava. 

3 de outubro de 2016

pois é


Quase dois meses de aula de história da arte na faculdade. Conheci varias pessoas interessantes, voltei a frequentar a UnB, o Restaurante Universitário, a biblioteca, voltei a estudar. Aliás, há quanto tempo não estudava, simplesmente por estudar. 

E ainda escuto "o que você vai fazer com essa faculdade?". Tudo tem que ter um propósito específico? Simples assim, só de me fazer feliz, de me deixar com vontade de ler, de fazer resenhas, de simplesmente estudar, já está ótimo para mim. Pode ser que eu não vire um historiador da arte, um crítico ou um pesquisador. E tudo bem.

Nesse tempo eu já fui em tantas exposições, já analisei várias obras, li vários textos, conheci gente que mora longe da faculdade e pega ônibus todos os dias, conheci gente que nasceu em 1998, quando eu já estava na oitava série (hoje o nono ano).

E os seis meses de terapia me ajudaram muito, até mesmo a entrar na faculdade. E foram muitas brigas com meus pais nesse tempo, mas que nos ajudaram a nós entender.

Aprendi a me posicionar, a falar, a incomodar, a ser chato. 

O ano não tem sido fácil. Não mesmo. Mas está melhor do que em janeiro. Aliás, eu nem poderia imaginar o tanto de coisa que me aconteceu nesse ano. Até entendi mais meu trabalho, aceitei estar onde estou. E quero mais agora.

Daqui a alguns dia viajo com minha mãe para Portugal. Nunca fui pra Europa. Não sei muito o que esperar, além de ter férias por alguns dias e conhecer um novo país. E quem sabe, conhecer mais minha mãe. E que ela me conheça mais...

27 de setembro de 2016

Arqueologia

Mais ou menos quando aprendi a ler peguei uma paixão por um livro desses da coleção Larrousse sobre o Egito. Tinha livros sobre Roma, Grécia, Mesopotamia na biblioteca dos meus pais, mas eu só gostava do Egito. Eram muitas figuras de hieróglifos, pirâmides, faraós e, claro, o busto da Nefertite, que até hoje me lembro. Foi a primeira vez que entendi que deveria haver algo depois que a gente morria, quando vi um capítulo sobre "o além vida", com um barco levando várias daquelas figuras que só andavam de lado, com balanças e pessoas com cabeças de animais. Por essa época só pensava em ser arqueólogo quando eu finalmente crescesse. Imagina aprender a ler aqueles símbolos egípcios? E ir para desertos para cavar buracos atrás de rastros de civilizações antigas? Com o tempo a arqueologia ficou cada vez mais distante, mas ficou a curiosidade por coisas antigas, essas que a gente chama de "vintage" hoje, apesar de nem sempre esses objetos terem só duas décadas. E também sou fascinado pela forma como as pessoas viviam antigamente, quando as fotos eram ainda em preto e branco ou amareladas. Há alguns meses fui na casa dos meus pais pra ver se eles ainda tinham esse livro do Egito, mas há anos eles doaram pra um sebo... Voltei a estudar o Egito numa das aulas de História da Arte na faculdade e só lembrava do tanto que gostava de folhear esse livro e desse meu desejo de ser arqueólogo.

12 de setembro de 2016

Aniversário


Adoro aniversários. Nesse ano resolvemos fazer uma feijoada para comemorar os trinta e três, ali embaixo do prédio mesmo. Feijoada é bom porque dá pra fazer antes e os acompanhamentos são simples. Iran cuidou de tudo: feijão, carnes, arroz, couve e farofa. Eu fiquei com o bolo e o pudim. Márcia fez uns brigadeiros. E no mais muita cerveja, refrigerantes e sucos que ainda sobraram e estão lá na geladeira. Almoço que vai até de noite e terminou lá no nosso apartamento com alguns sobreviventes. É cansativo, mas no final é ótimo!

1 de setembro de 2016

Quase 33

Quase um mês de aula. Trabalhar o dia inteiro, com alguns treinos de natação na hora do almoço, e aula da faculdade de noite. Umas seis horas de sono por noite, muitos textos pra ler, trabalhos e prova. E aos domingos uma oficina de artes cênicas.

Se há alguns meses alguém me dissesse que eu teria essa rotina, será que eu ia acreditar?

Aliás, nunca imaginei que fosse estudar artes, muito menos história da arte. E fazer uma oficina de artes cênicas?

Mas o mais engraçado é que estou gostando disso tudo. Os textos, os trabalhos e as matérias são interessantes. Os professores e os outros alunos são legais. Rolou até uma recepção aos calouros organizada pelos professores.

Meu tempo está todo contado agora é sempre estou devendo algo. Mas é interessante a sensação de que antes eu tinha um monte de tempo e não estava feliz. Agora quase não tenho tempo, sei lá, uma hora depois que chego da faculdade até a hora que eu despenco na cama, mas eu me sinto melhor assim.

Daqui a pouco chego aos 33. E realmente me sinto melhor do que nos 32. Como será que vou estar nos 34?

18 de agosto de 2016

Arte?

Ainda não consegui digerir tudo o que aconteceu nesses últimos dias. Teve noite sob as estrelas, ao redor da fogueira e com sacos de dormir. Teve uma xamã. Teve um cacto mexicano. Teve uma mini barraca indígena com pedras em brasa, ervas e água. 

E no dia seguinte começaram as aulas de História da Arte. De volta pra universidade depois de tanto tempo. Gostei de todos os professores e de todas as aulas. Gostei de quase todos os textos. Aliás, xerox, né? Eu tinha me esquecido a quantidade de cópia de textos que a gente precisa. E teve material artístico também. Tintas, papeis, pinceis, estiletes, réguas. 

Mas tudo flui bem. A faculdade não é mais um peso. 

Aliás, eu não tinha percebido como arte é importante para mim. Tive um insight esses dias. Em 2011 Iran se mudou pra São Paulo e no final do ano tirei alguns dias de férias pra ficar com ele e conhecer a cidade, antes de decidir me mudar para lá (e me mudei uns seis meses depois!). Andei sozinho pelas ruas enquanto ele estava no trabalho. Todos os dias fui para museus. Pinacoteca, Estação Pinacoteca, MASP, MAM, MAC, Instituto Tomie Ohtake, CCBB, Caixa Cultural. Eu ia sozinho, passeava pelas exposições e ficava horas. O tempo era só meu e eu poderia fazer o que quisesse. Escolhi visitar galerias de arte. E ir ao cinema.

Em geral as exposições estavam vazias e nem sempre eram fáceis de chegar, aindamais quando não se conhece bem a cidade.. Vi quadros, esculturas, olhei bem perto pra ver as rachaduras das tintas, as assinaturas, as molduras, os títulos e os "sem título". Eu não tinha percebido esse meu enfoque naquela época e nem poderia imaginar que cinco anos depois eu voltaria para a faculdade para estudar arte.

Imagina, arte? Eu? Sério? Na época da faculdade de direito eu não tinha nem coragem de pisar no prédio do Instituto de Artes. E agora estou lá. Por que não?

11 de agosto de 2016

Se eu fosse eu

"Experimente: se você fosse você, como seria e o que faria? Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara. No entanto já li biografias de pessoas que de repente passavam a ser elas mesmas, e mudavam inteiramente de vida. Acho que se eu fosse realmente eu, os amigos não me cumprimentariam na rua porque até minha fisionomia teria mudado. Como? Não sei.
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho, por exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu daria tudo o que é meu, e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada nova no desconhecido. No entanto tenho a intuição de que, passadas as primeiras chamadas loucuras da festa que seria, teríamos enfim a experiência do mundo. Bem sei, experimentaríamos enfim em pleno a dor do mundo. E a nossa dor, aquela que aprendemos a não sentir. Mas também seríamos por vezes tomados de um êxtase de alegria pura e legítima que mal posso adivinhar."

Trecho de: Lispector, Clarice. "Aprendendo a viver." Rocco Digital. iBooks.